segunda-feira, 1 de maio de 2017

O que é o Audax e como conheci as provas

Audax?

Para os que não conhecem o que é o Audax e gostariam de ter uma explicação bem completa, recomendo clicar aqui para ler a respeito. Uma nova janela se abrirá na página do clube Audax Randonneurs São Paulo, na minha opinião o mais tradicional e bem estruturado do país. O site é bem completo com informações, relatos e conta até com o calendário nacional das provas.

Sendo bem sucinto, a palavra audax vem do latim audacioso, corajoso, e é o nome pelo qual são comumente conhecidas algumas provas ciclísticas de longa distância em diversos países do mundo. Essencialmente, é um evento de fundo onde a única competição é consigo mesmo. As etapas são organizadas no Brasil por clubes que têm autorização da entidade máxima francesa, o Audax Club Parisien (ACP). Os Brevets Randonneurs Moundiaux (BRMs), como são chamadas as prova oficiais, partem de 200 km, existindo também as de 300 km, 400 km e 600 km, todas com um tempo limite de conclusão, calculado tendo por base uma média horária de 15 km/h, respectivamente 13h30, 20h, 27h e 40h. Quem concluir esta série no mesmo ano calendário, recebe uma distinção chamada Super Randonneur. Além destes BRMs, também existem os de 1.000 km e o de 1.200 km, sendo que o último é a distância do mais famoso de todos e que deu origem à história toda, que é o percurso Paris-Brest-Paris (PBP), sonho de quase todos os super randoneurs e que acontece a cada 4 anos na França. O mais recente foi em 2015.

Mas como é que eu fui me meter nisso?

Você deve ter parado neste blog a meu convite ou então procurando em alguma informação sobre provas do estilo Audax. Se permitir, vou te contar como é que foi que tudo começou para mim...

Em 2013, motivado pelas necessidades de emagrecer e levar uma vida mais saudável, comecei a praticar corrida de rua (sim, a pé, sem bike). O que antes eu tinha repulsa, me conquistou e logo eu estava correndo constantemente, tendo chegado aos meus primeiros 5 km sem parar. Depois de alguma persistência, vieram os 10 km e algumas provas para mera participação. Em 2014 fiz pela primeira vez a Corrida Integração, a maior e mais tradicional do interior paulista, que eu sempre via pela TV desde criança. A sensação era ótima ao finalizar as corridas contudo o corpo reclamava um pouco, principalmente por causa dos meus 108 kg mal distribuídos em 1,81 m. Foi aí que eu me lembrei dá época de adolescência onde percorria quase que a cidade toda de bicicleta para ir para a casa dos meus amigos. Pensei então: por que não investir também nos pedais que não devem causar tanto estrago nas articulações? 

Pensando assim que no início de 2015 olhei para a minha velha Caloi Aspen Pro 21V com quadro de aço, aro 26, 21 marchas e sem suspensão, a qual estava pendurada fazia anos lá na parede do quintal. Resolvi tirá-la do seu descanso e mandar para uma revisão completa. Na moral, o mecânico da bicicletaria fez milagre! A enferrujada magrela voltou quase que nova, em parte pela boa qualidade do grupo Shimano. Voltei aos pedais!
Minha Caloi Aspen Pro 21V pendurada

Não vou mentir: a sensação de correr é boa, mas a de pedalar é melhor ainda! Como é gostosa a liberdade, percorrer distâncias maiores, conhecer lugares novos ou mesmo conseguir olhar detalhes de locais onde vamos de carro mas que passam desapercebidos. Sem falar que de bike ainda sobra um certo fôlego para isso, já correndo as coisas são um pouco mais sofridas.

Nessa época eu já tinha conseguido perder um pouco de peso, baixando para 102 kg, e então me animei para um desafio maior: encarar uma meia maratona! Escolhi fazer logo a mais emblemática do país, que é a Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, prevista para o mês de agosto. Eu teria pouco mais de 5 meses de preparação, só não sabia que a bicicleta seria tão importante... 

Continuando, para conseguir completar os 21 km de corrida, procurei um programa específico e gradual de treinamento. Achei um muito bom do aplicativo de celular Runkeeper, que pelo áudio do telefone me passava as instruções em tempo real. Iniciei o programa em janeiro e o progresso estava indo muito bem, com treinos rigorosamente acontecendo dia sim dia não, até que em março veio a uma lesão preocupante: ganhei uma facite plantar no pé esquerdo. 

Para quem não conhece, a fascite plantar é uma inflamação crônica numa membrana na sola do pé. Ela é relativamente comum em corredores que têm pouco alongamento nos membros inferiores e/ou pé cavo, o que era o meu caso. Eu sentia fortes dores e às vezes não conseguia sequer andar sem mancar. O tratamento consiste em fisioterapia e repouso das corridas, pelo menos até que o desconforto diminuísse. Pois então foi aí que a velha Caloi entrou nos planos da meia maratona e pelo período de pouco mais de um mês eu substituí os treinos convencionais por pedaladas para manter o condicionamento. Deu certo e de quebra passei a fazer maiores distâncias, quase que predominantemente em asfalto. Passei dos passeios de 15 a 20 km para giros de 30 ou 40 km, que para mim eram entusiasmantes.

E então, como conheci o Audax?

Eu estava em Florianópolis a serviço, numa das minhas muitas viagens a trabalho. Eu ainda não conhecia muito bem aquela cidade linda e justamente por isso resolvi que eu precisava me perder por ela. Escolhi fazer isso de bicicleta! Para tanto, tentei cooptar alguns amigos para programar um passeio pela ilha no final de semana e logo de cara convenci o Arthur Luba, também louco por pedais desde a juventude quando percorria as estradas do litoral norte de São Paulo. Eis que ao comentar sobre os nossos planos para outro grande amigo e triatleta, o Frederico Corralo, ele veio com uma proposta melhor: por que não faríamos então todos juntos o Audax 200 que aconteceria naquele mesmo sábado ao redor de quase toda a ilha? Afinal de contas ele estava treinando para o IronMan Floripa e seria importante passar por parte do circuito da prova e também treinar uma distância mais longa.

Mas espere aí,  "o que é esse Audax?" perguntei ao Corralo. Foi então que ele me explicou tudo sobre os BRMs, inclusive que poderíamos optar por tentar algum dos desafios de 50 ou 100 km ao invés da prova de 200 km. Naquela hora, claro, eu me assustei com os três dígitos e cogitei apenas os "cinquentinhas". Mas ele me instigou, afinal "as vezes é necessário um pouco de violência", dizia. E lá fomos nós três para o meu primeiro grande e longo pedal!

4 comentários:

  1. Muito legal a sua história no esporte, meu caro! E parabéns pelo texto!

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    1. Obrigado Randolfo. Você é um dos que eu muito admiro e tento seguir os exemplos. Um monstro no pedal!

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  2. Respostas
    1. Obrigado! Muito legal ver que tem gente gostando. Serve de incentivo para continuar.

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